Café está caro? Governo promete redução de preços, mas isenção de impostos não deve resolver questão

Na última semana, o Governo Federal anunciou uma nova medida para tentar conter a inflação dos alimentos: a isenção da tarifa de importação para dez produtos, incluindo o café torrado e em grão. A decisão anunciada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin tem duração indeterminada e deve ser reavaliada semanalmente, sem que o impacto fiscal tenha sido claramente definido.

Café mais barato? Especialistas não acreditam

Para os apaixonados por café, a primeira impressão pode ser positiva: será que isso significaria preços mais baixos na xícara do dia a dia? Infelizmente, a resposta parece ser negativa. Em entrevista para o Canal Rural, o analista de mercado Haroldo Bonfá, da Pharos Consultoria, classificou a isenção tarifária como um “tapa-buraco” que não resolverá os desafios estruturais do mercado. Segundo ele, a importação de café no Brasil é irrelevante em volume e não impactará significativamente os preços. Apenas 970 sacas foram importadas em 2024, de acordo com o portal Comex Stat, do MDIC.

Além disso, há um problema logístico: importar café exige embalagens a vácuo para conservação, o que encarece o produto e neutraliza qualquer benefício que a isenção tarifária pudesse trazer para o consumidor final.

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Jogo político

A justificativa do governo para essa medida é a redução imediata do preço dos alimentos, um dos principais fatores de queda na popularidade do presidente Lula (PT). No entanto, especialistas do setor criticam a estratégia, apontando que a decisão tem mais efeito político do que prático. Outro fator ignorado pelo governo é o alto custo da importação, que inclui despesas com transporte e embalagens especiais para a conservação dos produtos. Na prática, isso significa que a isenção de impostos dificilmente resultará em queda de preços no supermercado, como o Planalto quer fazer crer.

Impacto na produção nacional

O discurso oficial tenta minimizar os impactos sobre a produção nacional, mas a realidade do setor é outra. Conforme publicado no UOL Economia, a decisão foi tomada sem um estudo detalhado sobre o impacto na cadeia produtiva brasileira. O Brasil, maior produtor mundial de café, já enfrenta desafios na competitividade internacional devido aos altos custos de produção. Ao invés de buscar soluções estruturais, como incentivos à produção e redução da carga tributária interna, o governo tem optado por medidas paliativas e temporárias, que beneficiam importadores sem garantir qualquer alívio real para os consumidores.

O que esperar para o café brasileiro

Para os consumidores de café, a medida dificilmente trará benefícios. O Brasil já produz café de sobra e enfrenta desafios que vão além da importação. O setor precisa de apoio real para reduzir os custos internos e melhorar a competitividade global. Enquanto isso não acontece, a isenção tarifária fica apenas no papel como mais uma decisão que não chega até a mesa (ou à xícara) do consumidor. Na pressa por soluções que melhorem a imagem do presidente, o Governo lança mão de estratégias ineficazes e populistas, sem planejamento de longo prazo. No fim, quem paga o preço é o produtor nacional e, claro, o consumidor, que segue enfrentando uma inflação persistente e um mercado desajustado.

Mais aqui: Café mais caro no mundo: entenda o que está acontecendo com o preço do grão

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