Safra de café 2024/2025 deve ser afetada pelo calor intenso que atinge o Brasil

A safra do café 2024/25 deve ser afetada pelo calor intenso que atinge as principais regiões produtoras do Brasil. Alguns produtores, inclusive, já dão como certo que a colheita deve ser inferior à da atual temporada (2023). Em Minas Gerais, estado que é o maior produtor de café Arábica do país, floradas se anteciparam por causa das altas temperaturas e agora falta uniformidade nos cafeeiros: há, ao mesmo tempo, grão verde, seco, cereja em um mesmo pé de café.

“Estamos vivendo algo que nunca passamos na vida. Há fumaça de calor sobre Monte Carmelo (MG) e índices de chuva muito baixos. A planta de café não aguenta mais de 30 graus, fica sem fazer fotossíntese e deixa de reagir, como no caso de algumas regiões de Minas Gerais”, contou o produtor Sérgio de Assis, do Cerrado Mineiro, em entrevista a equipe do Globo Rural.

Assis, que preside a Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado Monte Carmelo (Monteccer) previu uma redução no volume a ser colhido e uma queda de qualidade do café devido aos mais de 40 graus registrados nos últimos dias na região mineira, fato que foi discutido entre produtores durante a 29ª edição do Encontro Nacional do Café, organizado pela Abic (Associação Brasileira de Indústrias de Café).

O clima adverso nas regiões produtoras de café é reflexo do fenômeno El Niño e tem levantado preocupações e influenciado o movimento dos investidores na bolsa de Nova York, provocando volatilidade nas cotações. A alta do café, porém, não tem animado os produtores, que agora têm como preocupação prioritária o desenvolvimento vegetativo da planta. Segundo Assis, os cafeicultores mineiros estão na terceira florada, momento que, em teoria, indica o final do ciclo antes de o grão brotar. Mas, com a seca, o ‘pegamento’ do café pode não acontecer, bagunçando as etapas de colheita e pós-colheita.

“Com a onda de calor, a planta de café pode viver a escaldadura, isto é, o amarelamento da folha, fazendo com que caia e deixe a estrutura do cafezal sem possibilidade de fotossíntese, o que pode afetar a quantidade de grãos”, afirmou.

Apesar das incertezas que rondam a nova safra, a indústria de café prevê uma estabilidade do mercado no próximo ano, e avalia que não faltará grão para torrefação. A razão é que o ciclo 2024/25 será de bienalidade positiva, o que permitiria uma ‘compensação’, conforme acredita o diretor de marketing da Melitta, Jonatas Rocha, também entrevistado pela equipe do Globo Rural. “Em geral, no Brasil, o cenário do ano que vem é mais estável em volume de produção, justamente porque é um ano de bienalidade alta, o que ajudaria o volume a ficar em uma tendência positiva de produção de café. A expectativa é de safra igual ou pouco maior do que colhido este ano”, disse.

Para o presidente da Abic, Pavel Cardoso, a safra que vem tende a ser 2% a 5% maior que as 66 milhões de sacas de café colhidas na temporada atual, número com o qual o mercado privado trabalha. Mas as consequências do El Niño devem influenciar as colheitas dos próximos três ciclos, admite ele.

Fonte: Globo Rural

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